Francisco reforma minha Igreja!
Artigo de Dom Aldo para o Jornal da Paraíba
Em sua exortação apostólica, “A Alegria do Evangelho”, o Papa Francisco refere-se à necessidade da Igreja evangelizar em circunstâncias adversas e conflituosas, desafiantes. Cabe à Igreja tomar posição proativa. Não se torne carpideira condenatória, lamentando o leite derramado dos valores humanos e cristãos que vão se perdendo. A missão evangelizadora da Igreja diante de situações contraditórias requer sua presença criativa, solidária, serviçal. Não fuja nem condene os outros, numa posição cômoda como se fosse dona da verdade. A exortação equivale a uma carta de intenções sobre o modo como o Papa pretende conduzir seu governo. Há um traçado de metas e de balizas para que a Igreja tome novos rumos. Em vez de assegurar as suas próprias convicções, Francisco quer que a Igreja volte-se para a mudança de época histórica e se coloque a serviço da fé e da prática da justiça social. Para isso o Papa pede sugestões. Inédito!
Pelo que se entende, o Papa quer que a Igreja facilite a comunicação e a presença frente aos grandes desafios do mundo moderno. Isso acontecerá a começar pela reforma interior, colocando a casa em ordem. Há gente que se afastou de casa, embora não tenha abandonado a fé, não identificada com o modelo da instituição. Muita gente insatisfeita afastou-se silenciosamente da Igreja. Isso é muito grave! Mas há gente à procura dos valores cristãos, superando a violência, o desmantelo da família, a corrupção política, a mediocridade da sociedade de consumo.
O Papa é coloquial e diz o que pensa, sem censura. Ele tece duras críticas à própria instituição, na tentativa de avaliar a qualidade da presença da Igreja na sociedade. Com a simplicidade de um pai de família, ele se refere a um projeto de renovação, começando pelo interior dos corações e das estruturas eclesiásticas fechadas em suas certezas, voltadas sobre si mesmas, esquecendo-se de servir aos outros.
Pela mídia podemos acompanhar diariamente suas homilias e comentários. Ele fala de forma livre, espontânea, sem rodeios. Quem quiser, pode se certificar a respeito da cautela do Papa para com a Cúria Romana, o Banco Vaticano e outras instâncias. A exortação corresponde às intenções de Francisco provocando reações, promovendo uma comunhão dinâmica, aberta, estimulando posições proativas pelo diálogo pastoral.
Evidencia-se o desejo de ouvir a todos e não apenas alguns eclesiásticos privilegiados, não raro, instalados numa posição estática. Diz o Papa literalmente: “Importante é não caminhar sozinho, mas ter sempre em conta os irmãos e, de modo especial, a guia dos Bispos, num discernimento pastoral sábio e realista”. Vamos tentar?
Dom Aldo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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