Maconha e compulsão
Artigo de Dom Aldo para o Jornal da Paraíba (04/01/2014)
O presidente do Uruguai e dois Estados nos EUA deram impulso aos lobistas que pretendem legalizar a produção e a venda da maconha. Denis Rosenfield, em artigo publicado (OESP, Ed. 30.12.2013 pp), cita depoimentos da psiquiatra, pesquisadora especializada em dependência química na esfera mundial e diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas (EUA), Nora Volkow. A revista Veja (março de 2010) colheu os depoimentos de Nora sobre a compulsão inevitável que a maconha causa aos que são iniciados no mundo das drogas. Os relatórios do referido Instituto registram os efeitos destrutivos causados pela maconha e similares, começando pela ansiedade compulsiva, a perda de memória pelo bloqueio de receptores neurais, os surtos psicóticos eufóricos, seguidos de depressão. Quem é iniciado na maconha, em brevíssimo espaço de tempo, torna-se tóxico-dependente de drogas pesadas, pois o mecanismo do cérebro cria a ânsia de absorção de substâncias tóxicas mais eficazes, ao exemplo do efeito da metanfetamina.
Apregoado por lobistas, “o baseado para uso terapêutico e recreativo” é apenas porta de entrada para outras drogas, como a cocaína e o crack, sua borra. Em seu artigo, Denis transcreve o depoimento de um dependente químico que fala sobre a experiência dos que chegam ao fundo do poço, como o de A.S.N., médico brasileiro, ex-interno da Comunidade Terapêutica Horto de Deus (www.hortodedeus.org.br). Filho único, seus pais cercaram-no de mimos, realizando suas vontades. Aos 12 anos fumava maconha, depois cheirava cocaína e daí perdeu o controle. Fez tratamento psiquiátrico, tomou medicamentos. Voltou às drogas. Cursava Medicina. Alicerçado em “argumentos científicos”, convenceu os pais de que a maconha fazia menos mal que o cigarro comum. Enganou os pais e a ele mesmo, pois, além de cheirar, passou a injetar cocaína e dolantina, um opiáceo. Sofreu overdose e não morreu só porque estava dentro de um hospital, seu local de trabalho. Decidiu internar-se numa comunidade terapêutica. Hoje, graças a Deus, está sóbrio. O uso “moderado” de maconha acaba em droga injetável. Somente a sobriedade total, inclusive do álcool, devolveu-lhe a qualidade de vida que não pretende trocar nem por cerveja ou dose de uísque.
Lobistas tentam ludibriar autoridades e a população “em nome da liberdade de expressão” ao protagonizarem o uso da erva para fins terapêuticos e recreativos. A verdade é outra. O que querem é o patrocínio do vício, altamente lucrativo para seus bolsos. Para satisfazer o vício compulsivo rouba-se, mata-se, estupra-se. A violência aumentaria.
Dom Aldo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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