Plantio e venda de maconha?
Artigo de Dom Aldo para o Correio da Paraíba (05/01/2014)
Se liberadas a produção e a venda de maconha elas diminuiriam o narcotráfico e a violência? Não, porque a droga causa o consumo compulsivo aos que se tornam adictos. Denis Rosenfield (in OESP, Ed. 30.12.2013 pp) cita relatórios da diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas (EUA), psiquiatra e pesquisadora especializada em dependência química na esfera mundial, Nora Volkow. Nora, em entrevista dada à revista Veja (março de 2010), aponta os efeitos deletérios da maconha e similares, tais como o bloqueio de receptores neurais, ansiedade, perda de memória, surtos psicóticos eufóricos, seguidos de depressão. Com rapidez, usuários da maconha tornam-se tóxico-dependentes de drogas pesadas, pois o cérebro cria novas necessidades de absorção de substâncias tóxicas.
De fato, quem se inicia com álcool ou maconha torna-se dependente compulsivo em breve espaço de tempo. O vício impõe um ritmo arbitrário ao dependente que dificilmente consegue largá-lo. A vida do usuário é diferente da conversa dos defensores da legalização e comercialização da droga para fins terapêuticos e recreativos. Eles visam lucros extorquidos dos usuários que terão sua vida abreviada ou perdida para sempre. A maconha e similares, dimetiltriptamina (DMT - composto do chá santo daime), LSD, produzem surtos paranóicos, visões psicóticas. Glauco Villas Boas, cartunista da FSP, e seu filho foram barbaramente assassinados por um usuário de maconha e chá santo daime. Lembram-se do caso?
Presente em mais de 30 países, a Fazenda da Esperança desenvolve um trabalho incansável de prevenção e recuperação de homens e mulheres, adictos. Os que conseguem largar o vício para se reinserir na vida familiar e social dão testemunho sobre sua iniciação, geralmente com um baseado oferecido gratuitamente. Depois a vida toma outro rumo. Quem adoece por causa de droga adoece a família inteira e adoece também a sociedade. A pandemia assustadora da violência é provocada pela droga. Sob o efeito de substâncias tóxicas, um usuário atuado pode cometer crimes; porque drogado assaltou, estuprou, matou passionalmente, e por aí vai. A campanha pela descriminalização do plantio e comercialização da maconha é apenas a porta de entrada para outras drogas. Os parlamentares e a população enganam-se com os lobistas da liberdade de expressão.
Lobistas da erva justificam-se apoiando-se nas “causas terapêuticas e recreativas” (entenda-se defendem o vício), aparentando sentimentos de tolerância e compaixão por usuários. Propositalmente, eles omitem de dizer quais as consequências ocasionadas pelo vício: a ruína da vida dos adictos e das famílias. De nada adianta lançar culpas na sociedade consumista ou no governo que vive de discurso e não faz nada ou na incompreensão da família, em Deus e no mundo. A verdade é que o narcotráfico é um dos negócios mais lucrativos e há gente graúda por trás. A liberação do plantio e venda limitada da erva é burla de lobista, pois não existe limite para uso terapêutico e/ou recreativo. O usuário torna-se dependente crônico.
Hoje a população sente-se refém de bandidos ligados às facções do tráfico que agem à luz do dia, na cidade ou no campo. Crack encontra-se em toda parte. Crianças, adolescentes e jovens, sem perspectivas de vida, são presas fáceis de traficantes. Políticas de prevenção, recuperação e tratamento de adictos dependem da atuação da família e dos órgãos públicos, através de investimentos prioritários na educação qualificada, sobretudo em capacitação para ocupação e renda.
Dom Aldo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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