quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ARCEBISPO DA PARAÍBA !!!!

Perda de valores

Artigo de Dom Aldo para o Correio da Paraíba 

Vivemos uma mudança radical de época histórica. Repercutem em nós sinais de agonia e também de esperanças. Percebe-se uma civilização cedendo espaço a outra que vai nascendo, indefinida. Entre contradições e iniciativas alvissareiras, num complexo plural, por mais que queiramos, não conseguimos diagnosticar sintomas atípicos das contradições nem alcançamos algum prognóstico sobre eventuais causas da gravidade de doenças, como a violência generalizada, as famílias desmanteladas, os pais e os filhos se matando, os grupos terroristas ameaçando explodir tudo... Esperávamos dias melhores no século XXI. Entanto se reproduzem ódios fratricidas, a democracia é privatizada por interesses de oportunistas políticos, chefões do narcotráfico comandam o crime de dentro dos presídios, mascarados infiltrados comprometem as manifestações populares desmoralizando as reivindicações por oportunidade e qualidade de vida, fanáticos ideológicos semeiam medo, usando o nome de Deus em vão.
A sociedade consumista prospera, pois envolve a todos os que lutam por melhores oportunidades de vida. O consumismo desenfreado absorve antigos ideais e substitui valores pelas atividades voltadas para o sucesso pessoal, com forte dose de auto-suficiência. Seguindo o compasso do estilo de vida plural, descomplexada, a busca da satisfação individual sobrepõe-se ao bem comum, construído em favor da coletividade. Percebemos sinais que evidenciam esse fenômeno na fragmentação dos partidos políticos. Os picadinhos de siglas não representam mais os verdadeiros anseios da coletividade. O bem comum para a população parece valer muito menos que o prestígio e o sucesso pessoal de candidatos.
Fazendo uma viagem pelo tempo, observamos que vários valores humanitários, antes alicerçados em princípios cristãos, hoje cedem lugar a algo equidistante das virtudes cardiais, como a justiça, a temperança, a fortaleza, a prudência. Os pecados capitais são reinterpretados de forma a confundir as mentes, ante os ditames da sociedade consumista. Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça (...) representam novos valores, presentes na vida de grande parte das pessoas e das famílias. Na correria em busca de sobrevivência e de qualidade de vida, cada qual justifica os seus pecados de estimação, sem complexo de culpa. Surgem novos direitos, os direitos de minorias. Tudo bem, desde que não se interprete de forma ambígua, excluindo os direitos universais, anteriores aos direitos pessoais.
Faz-se de tudo para realizar a felicidade individual, centralizada em bens materiais legítimos. Porém, admitamos, nem sempre consideramos nossos bens incluindo os nossos semelhantes. Confundimos egoísmo como se fossem direitos, correndo risco de viver o materialismo prático. Mesmo crendo em Jesus e nos valores do Evangelho de forma abstrata, distanciamo-nos da prática serviçal em favor dos outros. É em casa que se transmite os valores da fé. É na família que se testemunha o bom trato. Não se vive a vida distanciando-nos de Deus e do seu amor, como se Deus e seu amor não importassem para sermos verdadeiramente felizes em família.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

- O PENSAMENTO DO DIA COM O PADRE MARCELO D’IPPOLITO:

  #Evangelhodehoje 🕯️📖🕯️ :”Com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outro...